segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Desenterrando posts #1: Swaziland

Cana em homenagem à Rainha.
Em nove dias, embarco para minha tão sonhada viagem para Zanzibar. Foi então que me dei conta de que, até agora, não postei nada sobre os outros países que visitei por aqui. Antes que o mundo acabe, ou que eu embarque rumo à terra de Freddie Mercury, melhor colocar em dia o blog. Comecemos pelo Reino da Suazilândia.

Estive no Kingdom of Swaziland duas vezes. A primeira foi no primeiro final de semana de setembro, durante o festival Umhlanga, ou Reed Dance, ou, em bom português, Dança da Cana.

Antes da explicação do ritual, um pouco de informação. Suazilândia é um dos menores paises da África. Possui pouco mais de 1,1 milhão de habitantes em 17,3 mil km² de território - menor que o Sergipe, que tem 21,9 mil km². Faz fronteira com a África do Sul e com Moçambique, e não possui saída para o mar. É uma das poucas monarquias que restaram na África, mais de um terço da população adulta é soropositiva (maior taxa de contaminação do mundo), e a poligamia é liberada. Só o rei tem 13 mulheres.

Voltando ao festival. O Umhlanga acontece todos os anos e reúne cerca de 30 mil mulheres. A intenção é homenagear a Rainha Mãe com resultados da colheita de cana-de-açúcar, um dos únicos produtos de exportação do país. Acontece mais ou menos assim: as moças da Swazi passam uns dias colhendo cana e, na cerimônia, carregam feixes que são entregues à Rainha Mãe como forma de celebrar a colheita. Tudo isso em um ritual belíssimo, com as moças vestidas de acordo com as vestimentas de suas tribos (todas de peitolas de fora, claro), cantando e dançando felizes da vida.

Candidata a (mais uma) esposa do Rei.
O ritual serve também para o rei escolher mais uma esposa. Devido a críticas, já faz alguns anos que ele não anuncia nenhuma nova. Mas, pra manter a tradição, as potenciais candidatas são identificadas durante a cerimônia com um cocar de penas vermelhas. Na teoria, são virgens, e não podem ser tocadas por nenhum homem durante os dias de cerimônia. Nem pra tirar foto.

Há uma história bastante conhecida aqui na África sobre uma das últimas esposas do rei. Na época, a menina era muito jovem, menor de idade, e foi obrigada pelos pais a se casar. Isso gerou uma confusão enorme com as organizações de direitos humanos e, desde então, a poligamia na Suazilândia está na mira da comunidade internacional.

Quando se atravessa a fronteira, há um choque visual. Moçambique é um país com bastante sujeira nas ruas, com estradas esburacadas, com chão de areia. Suazilândia, apesar da pobreza, possui boas estradas e é um país limpinho. É montanhoso e, por isso, faz um frio do cão!

Na segunda vez que estive lá, fui apenas para almoçar. É tão pertinho de Maputo que dá pra ir, amoçar e voltar em menos de quatro horas. E foi nessa segunda vez que vi uma família de girafas na beira da estrada. Havia umas cinco ou seis, com filhotinhos e tudo. Quase chorei de emoção. Mas os animais são assunto para o próximo post, sobre a África do Sul e os parques nacionais ;)

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